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PORTUGAL - Entre bacalhau e azulejos!



O princípio de nossas apresentações se deu em um lugar que carrega um pouco de suas origens. Portugal é não só a nação que nos deixou um vasto legado artístico como também de temperamento. No festival em que participávamos notamos isso tanto no modo como apreciavam nosso trabalho como na organização geral do evento, que nos levou a pensar que é também nossa reminiscência européia responsável pela nosso modo de ser dito "tupiniquim". 

Entre o calor, as íngremes ladeiras, azulejos, bacalhau e a lógica portuguesa, nosso espetáculo ganhou novo nome. Apresentado no Convento Corpus Chirsti o Do Papo ao Passo tornou-se Do Papa ao Passo! Tivemos também a oportunidade de fazer um ensaio geral do novo espetáculo em uma escola de arte. Árvore. O olhar despido de qualquer referência do que estaria por vir trouxe do público um retorno valioso. A importância em se fazer compreender uma história cedeu lugar ao cuidado em se manter fazendo o que acreditamos, pode parecer piegas mas pouco controlamos o que chega ao público, e fazendo o que para nós é vital algo de belo por ele é absorvido....

Coube também nessa estadia uma passeio à Santiago de Compostela, por onde peregrinamos em busca de um abrigo para passar uma noite. Muitas igrejas suntuosas e turistas peregrinos. Talvez o cansaço da viagem somada a admiração façam-nos esquecer que junto ao suor daqueles que chegam vitoriosamente até lá est´å o suor secular dos que, subordinados aos vitoriosos europeus, cederam riquezas e mão de obra para que tudo aquilo se erguesse.

Tamanha foi a hospitalidade e simpatia que fomos recebidas pelo norte de Portugal que junto ao calor e as novelas brasileiras, por vezes esquecíamos que a viagem à Europa já havia começado.

Levamos com nós a doçura do bom vinho do Porto e deixamos ao menos o pedacinho de uma história menos comum que as de nossas novelas....



NA ESTRADA

A Última Estrada nasceu na primeira empreitada da companhia pelo velho continente. Lá nasceu a idéia e o desejo, mas foi em casa que conseguimos abrir esse novo caminho.
A Última Estrada foi a primeira de novas parcerias que nos possibilitou imaginar e concretizar esse trajeto.
A Última Estrada é o que nos leva a Portugal, Itália e França onde vamos apresentando não só essa estrada, mas um tanto desses quatro anos de percurso da companhia.
A Última Estrada foi uma trilha aberta com a ajuda de amigos, conhecidos e desconhecidos que acreditaram na nossa doidice, não poderíamos deixar de agrdecer ao:
nosso diretor Cristiano Meireles por nos conduzir com tamanha entrega e cuidado ao ponto de nos fazer acreditar que éramos nós que tomávamos parte de um projeto seu; aos anjos João e Henrique da Goma Oficina que iluminaram nosso caminho com tanta criatividade; ao Eder e a Sandra que nos vestiram lindamente de tantos corpos imaginários; ao Beto, Léo, Bachur, Edu, Fê, Zézinho Pitoco e Cris, músicos maravilhosos, por produzir em bom som o que nossos corpos desejavam falar; a Sílvia Machado por ter captado com tanta sensibilidade as imagens desse novo trajeto.
A Última Estrada não poderia fugir à brincadeira, em algum lugar é a última, mas tantas vezes aqui já citada mostra, não a contradição de um nome, mas sim a infinitude de um desejo. Chegamos agora nessa estrada, fascinante como uma primeira e preciosa como a última.